quinta-feira, 6 de maio de 2010

Silencioso intervalo


Nunca é a mesma coisa olhar para o céu depois de se pensar sobre a vida...
Se tudo o que somos é energia e tudo o que vemos é reflexo de tudo o que há dentro de nós, então abre-se a hipótese de não existir de fato nada ao nosso redor, mas entrar nestes detalhes é um tanto perigoso, e nos levaria apenas à loucura... No mínimo perderíamos muito tempo pensando sem chegar a lugar algum... mas que é instigante, isso é! Bom é saber que podemos chegar a um certo ponto de descoberta, como se fosse esse o segredo do mundo, o sonho mantido e vivido.
Uma luz se estende entre os olhos... E o significado é espelhado em cada pedaço desmedido de sonho.
Viver não tem tradução, é como um silencioso intervalo onde despertamos acordados!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Pra Ti Guria - Composição: Jayme Caetano Braun


Pra ti chirua crinuda
dos ranchos de chão batido
com babados no vestido,
na orelha um galho de arruda,
morena Deus nos acuda.
Pra quem ama com eu amo
estrela pampa proclamo nas horas de nostalgia
eu te pergunto guria,
porque não vens quando eu chamo?
Quando abraço esta cordiona
é como se te abraçasse,
e mesmo que desejasse que tu fosses minha dona
E o meu ser
se condiciona ao teu carinhoso abraço
chego a sentir um laçaço
neste meu corpo franzino
pois se te perco imagino que vou peder um pedaço.
Calangreas e cotovias,as palomas, as torcassas se alvorotam
quando passas mormurando melodias,
e o calor dos meio dias vão se acalmando aos relentos
e até as guitarras dos ventos se entreveram à cordiona
confirmando que és a dona de todos meus sentimentos.
Vibram todas as escalas nos meus dedos tocadores
rudes acariciadores das tuas tranças bagualas
e o chão batido das salas com barbara bruxaria
e completando a magia deste teu tranco macio
com gosto de pasto e rio
eu canto pra ti guria.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Evanescence


Lithium :
Profundamente bom este som. Um dia, a casca que se formou ao redor das pessoas, não comportará mais a seiva que as suas raízes criaram.. e então tudo se transformará...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Contornos que a alegria deposita no ar



Paixão pela vida, presença de uma forma sutil espalhando-se em instantes eternos...
Como pode se olhar para o tudo e não sentir nada?! Me admiro só de imaginar o que há lá fora, nesta noite em que estou aqui dentro; pensar no céu, nas nuvens que vi ao chegar em casa, na lua entre elas, na vida, nas pessoas. Nas velas que em algum píer repousam, testemunhas dos que se beijam na beira de uma lagoa qualquer, quase às vésperas do dia dos namorados... Nos reflexos em cada movimento da água, nas estrelas que eles ali colocaram ao sonhar... Enquanto outros ainda sonham...
Nas canções especialmente escolhidas, preenchendo os contornos que a alegria deposita no ar; no sol que habita o interior de cada olhar amanhecido, ou cada flor que adormece nos silenciosos ramos rubros de outono, entre as folhas caindo.
O mundo não exige de mim nada que modifique o que eu sou para me “adequar”, acredito nisto porque acho que ser humano já é chegar ao máximo dos sentidos, estando consciente da iluminação, sem se podar.
Sei o que sinto, e só assim consigo estar cada dia presente no meu “nascimento”, na dor e na viva cura dos ferimentos através da poesia.
Nas canções especialmente escolhidas, há um intervalo de silêncio, em que as mãos unidas do tempo aquecem as sombras escondidas durante o dia, e vejo que tudo se ilumina quando as portas da alegria se abrem por dentro...

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Os olhos da conveniência


Vim falar de uns pensamentos, ou melhor, sentimentos que têm me feito refletir sobre a humanidade em geral; algumas coisas escondidas sob os olhos da conveniência.

Engraçado como são raras as pessoas que valorizam a paixão, sem ignorar ou ironizar. Mas o mundo vai e vem, e um dia todos vão precisar olhar para dentro de si, e então? o tempo se foi...e quem gostava de verdade de ti também.. dê mais valor à quem te olha com amor mesmo quando não te vê!

Momentos simples que ficam... e não é preciso sair dos trilhos.

Ser leal é doar uma parte de si, e, mesmo quando se perder, o outro te estender as mãos.. porque não há amor sem entrega; as pessoas não entendem, acham que vc está deixando de ser vc,quando vc está apenas doando um espaço especial e inesquecível que pra ti é muito importante!


...

Imagem: Rubens Terayama (site olhares)

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Perspectivas no silêncio de existir




A esperança


é uma luz que entra por debaixo da porta


enquanto estamos atrás dela


olhando para baixo


procurando alguma saída!




terça-feira, 19 de maio de 2009

Não é preciso questionar, apenas amar...


É, quando insistentemente nos questionamos sobre "quem somos?", essa pergunta ocupa um espaço um tanto desagradável.
Já não sabemos bem o que fazer e nos espalhamos como ondas na praia, mas quando voltamos para o mar deixamos na areia detalhes importantes do que nos compõe os pensamentos; por isso é bom olhar para as próprias conchas, pegá-las e ouví-las uma a uma.. Mesmo porque, serão apenas ecos do vento que passa. Mas a partir daí é que começaremos a discernir os ecos, deixando-os no ar e chegando ao centro do que realmente temos, do que relamente é algo íntimo pra nós. E, isso, acho que já não encontraremos nas palavras. Portanto, é necessário estar com as pessoas, ver nos olhos; estar com as coisas, podendo tocá-las..
"A pérola é vulnerável, e nossos olhos não a alcançarão, porque sempre verão como peças de um colar enfeitando a borda de outros olhos. Só veremos, quando notarmos que ela sempre está mais dentro dos nossos".

Enquanto isso... eu também ainda estou na "praia", só que, por mais bonito que seja o horizonte, aprendi a gostar mais das pessoas; a diferença entre "paisagem e a beleza da troca"...
Quero ouvir a concha com meu ouvido encostado no peito da mulher que me "olha", mesmo que seu instante não seja o de agora...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Tem horas em que nos surpreendemos com as coisas.


Tem horas em que nos surpreendemos com as coisas. Parece que dados momentos foram colocados ali com a intenção de nos chamar atenção, algo místico; ou simplesmente está o tempo todo ali e nós que não reparamos por vários motivos, um deles o de estarmos com a mente tão cheia de superstições.
Saí à noite, tudo se repetindo e se degradando visivelmente no centro da cidade. Passado um tempo e alguns copos de vinho, num silêncio que foi só meu, olhei para cima e reparei no céu. Era uma noite limpa, as estrelas podiam ser vistas, ainda mais que por aqui não há quase nada de prédios em volta. O barulho que havia ao redor foi se dissipando, não reparei mais no sorriso amarelo e forçado da indução que emergia por perto.
Não era tudo efeito do vinho, ele alterou um pouco, mas o que senti me despertou quase sóbrio pra realidade.
Dava pra olhar o horizonte e a escuridão dos morros distantes, fiquei apenas olhando por um tempo. Às vezes, lembrava de algumas pessoas que gostaria que estivessem comigo. Gostaria de compartilhar aqueles instantes em que senti que bastava estar vivo.
Muitas das coisas que escrevo, digo ou faço, eu envolvo com toques de sonho; às vezes, a vida me força a evitá-lo, para que os pés toquem o chão e eu não desaprenda a andar; mas ela faz isso com um sorriso sacana porque sabe que não tem jeito.. que deixarei a festa ainda em seu meio para caminhar no jardim e olhar as luzes... Quem sabe já haverá outros olhos procurando descanso nos ombros também!
Quantas noites a gente fica dormindo ou passando o tempo à toa, sendo que há esse misterioso encontro com nós mesmos através de algo não menos incompreensível... Aí é que está a questão pra mim. Penso que não devo analisar a sinceridade das coisas, a beleza. Beleza, esta palavra que hoje em dia é recebida quase como um insulto, devido a tanta insistência quase doentia pra provar a simplicidade que apenas existe.
A gente acumula muita informação que nos afasta um pouco daquilo que realmente acreditamos, o que sentimos; mas quem vai saber se não é essencial né... Mas é preciso mesmo perder pra poder recuperar? Conversa que rende assuntos intermináveis. Mas agora não, ta chovendo, vou tomar um café... quem sabe eu me surpreenda com algum desenho no açúcar do fundo da xícara (risos)!
Abraços!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Barcos acesos... Escreverei aqui o que ainda não sei, pois me alegra poder descobrir sobre as coisas, no momento em que tu estiveres por aqui também!


Oi! Antes de mais nada, sinta-se bem-vindo ao visitar este novo blog!
Bom. Pra dar uma certa noção do que está acontecendo aqui, vou falar um pouco do que já vem acontecendo desde o ano passado.
Publico meus poemas no blog "Essência Contemporânea" desde outubro de 2008; este havia surgido como meio de postar meu livro (Litoral _Poemas) ao alcance de todos. A partir daí comecei a colocar novos, que acabara de escrever, e o blog é atualizado com algo inédito quase que diariamente.
Rústico Retrato surgiu essa semana, antes de dormir, enquanto meus pensamentos vagavam. Pensava em várias coisas e senti necessidade de compartilhar; o efeito foi tão imediato que acabei dormindo bem mais tarde, passei um bom tempo ainda no lep criando o layout. O nome do blog surgiu enquanto ainda estava no escuro "viajando".
Os poemas fluem bastante, mas a necessidade de escrever como se eu estivesse dialogando contigo neste momento, me lançou em marés mais extensas... O que está fazendo esta chama arder intensamente é isso, e o fato de não saber nada sobre a próxima postagem, ser surpreendido. Não é como escrever os romances também, apesar de me surpreender muito com a direção e as idéias que tomam as palavras, o conceito já está ali, sei onde quero chegar (creio eu...risos....). Penso no "Rústico Retrato" como uma plataforma de onde saem pequenos barcos de papel com velas acesas ao anoitecer...
Escreverei aqui o que ainda não sei, pois me alegra poder descobrir sobre as coisas, no momento em que tu estiveres por aqui também! =)
Este então é o início de mais um trabalho, ou melhor, quem sabe um rústico retrato dos pensamentos!
Até o próximo texto! Abraços, e bigado pela companhia!